Cléa Teixeira de Menezes 1.4.3.
"Tia Tininha era solteira e irmã de caridade. Cismou que os comunistas iam matar sua família e rasgou todos os nossos retratos. Perdemos memórias, retratos, lembranças, documentos. De tão apavorada, ficou doente e teve que sair do convento. Aqui fora, conservou os seus hábitos. Tomava banho de camisola e levava as galochas para a eventualidade do chão do banheiro se molhar. Demorava duas horas no banho apesar das insistentes batidinhas na porta. Morava com muita gente e era no tempo em que toda casa tinha um banheiro só".
Antônio Gutierrez Domingues Filho 1.4.1.1.
"Tia Tininha freira que vivia na cláusula quando foi mandada embora do convento foi morar lá em casa. Um dia coitada deixou cair no pé uma gaveta pesada de uma cômoda antiga. Seu pezinho ficou todo roxo mas eu que era criança fiquei impressionado porque ela não disse um único palavrão, só ficou rezando."
“Tudo que sei da Tininha todos sabem, acho. As muitas manias dela, os banhos demorados, que ela adorava o Roberto Carlos, e cantava sua música. Morou em Araguari, MG um ano. Morava papai, mamãe e as cinco filhas. Não lembro como ela chegou.
Seus banhos eram demoradíssimos. Não
sei como ela morreu e nem quando.
Cheia de manias, guardava tudo em sacos plásticos. Dormíamos
no mesmo quarto, e de manhã acordava com o barulho dela embrulhando e
desembrulhando suas coisas.
Tenho boas lembranças da tia Tininha, ela me ensinou a arte
de crochetar. Ela dizia que as peças que ela fazia para presentear alguém era
carinho construído ponto a ponto. Era uma criança e não compreendi a grandeza
de sua fala. Hoje agradeço seus ensinamentos”.
Lembranças da Maria Emília
“Tia Tininha era freira. Era magrinha, branquinha, parecia frágil. Tinha o rosto lindo,
olhos verdes. Quando envelheceu, foi morar com o pai (Paulo Teixeira de Menezes) e com o irmão Hely em
Pitangui.
Tia Tininha morou em várias
casas. Morou com o irmão Levy, e ajudou muito a cuidar da Rosana, filha da
Cléa, que nasceu um ano e dois meses depois da Glorinha. Cléa, com 22 anos,
despreparada para o casamento e a maternidade, estava precisando de ajuda. E lá
foi Tininha. Um dia, Cléa foi dar mamadeira para a Rosana e encontrou tia
Tininha com outra mamadeira. Descobriram que o bebê, gorducho, estava tomando
refeições em dobro!
O banho da tia Tininha era um longo
ritual. Não ficava nua, banhava-se de camisola. Naquele tempo, as casas, mesmo
as grandes, tinham um banheiro só. Suíte é coisa moderna. Quando ela ia, com
seu passinho lento, em direção ao banheiro, todo mundo se apressava e passava a
frente, rápido. Todos sabiam que ela só sairia horas depois. A história do
banho da tia Tininha é muito conhecida na família. Como quem conta um conto
aumenta um ponto, contava-se que o banho era de roupa e galocha. Mas acho que a
galocha já era o ponto aumentado.
Morou em Itaúna, na casa do Zezé e da
Alba.
Teve um tempo em que morava uma velharia
enorme na casa da Alba - Tias: Zizinha, Antônia, Tininha e a outra Antônia, uma
empregada velha da Alba. Como era de se esperar, brigavam muito, e então
mandavam Zizinha e/ou Tininha para Pitangui. Numa dessas, Tininha foi pra
Pitangui, e lá veio a falecer.
Tia Zizinha já tinha morrido pouco
tempo antes.
Waldemar, que também era médico, todas
as noites, antes de dormir, ia dar uma olhada na tia Tininha, e dava-lhe um
remedinho, sempre por volta das dez horas da noite.
Numa noite ele foi cumprir essa
rotina, e a tia Tininha lhe disse:
- Não precisa me dar o remédio não,
Waldemar. A Zizinha esteve aqui no quarto agora mesmo, e me disse que Nossa
Senhora mandou me avisar que de manhã cedinho vem me buscar. Então, não precisa
mais o remédio. Sorriu, fechou os olhos, e adormeceu
Waldemar, extremamente religioso,
acreditou, foi para o quarto dele.
Lá pelas cinco da manhã, acordou
assustado, foi no quarto da tia Tininha e ela tinha acabado de falecer”.
Lembranças da Shirley
Cléa Teixeira de Menezes nas fotos, com sua neta Maíra Horta de Sá Martins
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