“Tia Carmen era o
protótipo da pessoa sistemática. Era uma das poucas pessoas a quem mamãe nos
entregava.
Ela falava que nunca morreria
atropelada por causa dos excessos de cuidado que tinha. Só atravessava a rua
com extrema segurança.
Foi noiva duas vezes e nas duas vezes
o noivo morreu.
O primeiro noivo se suicidou por
dívida de jogo, e o segundo morreu afogado. Então desistiu de tentar, mas perto
de morrer, falava muito em se casar.
No dia vinte e um de outubro de 1972,
no Rio de Janeiro, um ônibus tentou se desviar de uma mendiga que atravessava a
rua, jogou o veículo para cima da calçada, e pegou tia Carmen e um rapaz. Ela
teve morte instantânea, o rapaz fraturou o crânio, sobreviveu, mas não soubemos
mais nada dele. A mendiga ficou bem”.
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